
João Batista: O Precursor do Messias - Lucas 3:1-22
Queridos irmãos e irmãs em Cristo, é uma alegria estarmos reunidos hoje para refletir sobre a figura extraordinária de João Batista, o precursor do Messias. Neste sermão, mergulharemos no Evangelho de Lucas, capítulo 3, para entendermos o papel vital que João desempenhou na transição entre o Antigo e o Novo Testamento.
Depois de quatrocentos anos de silêncio profético (período esse conhecido como – período intertestamentário), a voz de Deus veio a João, no deserto da Judeia. A voz de Deus não veio a Tibério César, em Roma, nem a Pôncio Pilatos, em Cesareia Marítima. A voz de Deus não veio a Herodes Antipas, na Galileia, nem a Anás e Caifás, em Jerusalém. A voz de Deus veio a um homem estranho, que vestia roupas estranhas, que se alimentava de comidas estranhas e que pregava num lugar estranho.
Quero através desse sermão apresentar um dos maiores homens do mundo. Esse homem não se sentiu digno de desatar as correias das sandálias de Jesus, mas acerca dele Jesus disse: “entre os nascidos de mulher, ninguém é maior do que João” (Lucas 7.28).
I. Uma Figura Fora do Comum (Lucas 3:2-3)
João Batista emerge nos escritos bíblicos como uma figura notável e singular. Surpreendentemente, este homem nasceu numa família modesta e viveu uma vida de simplicidade, sem jamais ostentar riqueza ou poder. Sua vestimenta não refletia elegância ou marcas famosas, mas consistia em pelos de camelo e um cinto de couro, conforme registrado em (Mateus 3:4a). Ele não participava de banquetes requintados com talheres de prata e taças de cristal, mas alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre,
como mencionado em (Mateus 3:4b). João Batista não escolheu viver nos palácios, envolto em vaidade sob os holofotes do poder; pelo contrário, habitava no deserto inóspito da Judeia, conforme (Lucas 1:80) relata: "O menino crescia e se fortalecia em espírito. E viveu nos desertos até o dia em que havia de manifestar-se a Israel."
Esse estilo de vida peculiar não era apenas uma escolha pessoal; ele cumpria uma profecia do Antigo Testamento. Malaquias 3:1 fala sobre a vinda de um mensageiro que prepararia o caminho para o Senhor, e João, como primo de Jesus, desempenhou esse papel de maneira extraordinária.
João Batista não escreveu nenhum livro sequer, não realizou nenhum milagre, não se casou nem teve filhos. Passou os últimos dias de vida numa cadeia e morreu jovem sem deixar herança alguma. Esses traços de sua biografia empurrariam João Batista para a lateral da fama num mundo embriagado pelo sucesso como o nosso. Mas porque então estamos falando dessa figura fora do comum?
João Batista era um homem com uma missão O evangelista Lucas escreve: “voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas” (Lucas 3.4b). João Batista era uma tocha acesa, pois pregava com paixão e com profundo senso de urgência. João Batista não era um eco; era uma voz. Ele não apenas proferia a verdade, mas era boca de Deus. Ele não apenas pregava com eloquência humana, mas com poder divino. Ele não era um homem instável nem se dobrava diante de pressões do ambiente ou ameaças dos homens. Nas palavras de Jesus: ele não era um caniço agitado pelo vento (Mateus 11.7-11).
João não era uma pessoa indecisa, não se intimidava diante dos poderosos, nem fugia de sua rota movido pela sedução. Isso nos leva a refletir sobre a atual geração que, lamentavelmente, opta por transigir em relação a valores inegociáveis. Por exemplo, muitos podem ser tentados a acreditar que uma única noite de prazer pode compensar a quebra da confiança de anos com o cônjuge e filhos, sem levar em conta que a busca por prazer momentâneo jamais vai justificar os danos irreparáveis que ela(a) causara a sua família. Em um mundo altamente competitivo, alguns podem ser tentados a acreditar que atalhos ilegais e desonestos são justificáveis para alcançar o reconhecimento desejado. Contudo, olhando para casos recentes de figuras públicas que caíram em desgraça devido a práticas desonestas, como corrupção e fraude, é evidente que o sucesso conquistado de maneira ética e legal não apenas perdura, mas também constrói uma reputação sólida e duradoura.
João Batista mesmo em meio a um contexto extremamente corrupto, tinha plena consciência de sua missão: preparar o caminho do Senhor!
II. A Mensagem Poderosa de Arrependimento (Lucas 3:7-14)
O deserto da Judeia tornou-se o palco da proclamação audaciosa de João Batista. Ele convocou homens e mulheres ao arrependimento, inclusive os poderosos e influentes. Suas palavras não eram suavizadas para agradar a multidão; pelo contrário, eram como um chamado urgente para quebrantamento e transformação.
A nação tinha se afastado de Deus, a religião estava corrompida, e os palácios estavam envolvidos em violência. A economia estava abalada, e os exploradores tornaram a vida dos pobres ainda mais difícil.
Os soldados abusavam de seu poder, extorquindo pessoas indefesas e aceitando subornos para não apresentarem denúncias falsas (conforme Lucas 3.14). A liderança religiosa estava nas mãos dos saduceus, uma classe sacerdotal comprometida com o liberalismo teológico e a ganância financeira. Enquanto isso os fariseus, na tentativa de preservar a ortodoxia, perderam-se em uma infinidade de regras mesquinhas e hipócritas.
A pobreza atingia famílias desesperadas, a fome assolava uma população sem esperança. É nesse contexto que João Batista surge, trazendo uma mensagem contundente e poderosa de arrependimento.
A expressão “reino de Deus” deixara a nação judaica emocionada, mas a palavra “arrependimento” não teve muito efeito. A maioria do povo considerava o reino apenas do ponto de vista político, e não espiritual. O povo dizia “Arrepender-nos dos nossos pecados? Nada disso! Somos descendentes de Abraão e nada há de errado conosco (João 8:33). Assim como antigamente, hoje em dia não é popular abordar o tema do arrependimento. Muitas igrejas optaram por deixar de lado essa mensagem, substituindo-a por temas como prosperidade, curas, milagres, sucesso e conquistas, colocando constantemente o homem como protagonista. Alguns pregadores contemporâneos proclamam em alto e bom som a ideia de que "você é o ponto fraco de Deus", algo que nossa natureza humana tende a apreciar.
Meus irmãos, estamos em grande necessidade de uma reforma moral e espiritual. É urgente que ouçamos prontamente a trombeta do arrependimento. O Pastor Hernandes Dias Lopes destaca: "O arrependimento é a grande manchete de Deus na história auditiva. Sem arrependimento, não há remissão dos pecados. A conversão é evidenciada pelo arrependimento do pecado e pela fé em Jesus Cristo." Ele ainda acrescenta: "A proposta de Deus não é apenas arrependimento, mas arrependimento seguido por frutos desse arrependimento. Aqueles que continuam retornando aos mesmos pecados não demonstram um verdadeiro arrependimento, pois o genuíno arrependimento se revela no abandono do pecado."
No ano de 2024, devemos buscar fervorosamente ao Senhor por um avivamento em nossas vidas, em nossa cidade e em nosso país. Conforme as palavras do Pastor Erlo Stegen (O homem que levou o Evangelho para os Zulus na África) "avivamento é preparar o caminho do Senhor para que Ele se manifeste". Preparar o caminho do Senhor significa, em essência, arrepender-se. O avivamento que impacta "nosso mundo" com a salvação começa na igreja, por meio do genuíno arrependimento.
III. O Batismo do Messias (Lucas 3:21-22)
O momento mais marcante na trajetória de João Batista foi o batismo de Jesus. Ele teve a honra singular de batizar o próprio Messias e presenciar a manifestação da Trindade, quando a voz do Pai do céu declarou: "Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo." João desempenhou um papel crucial ao apresentar Jesus como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, conforme registrado em João 1:29. Nesse texto, percebemos a realidade do pecado, a sua extensão e a solução para o pecado.
Jesus é o Cordeiro que Deus providenciou desde toda a eternidade, sendo sacrificado desde a fundação do mundo. O batismo de Jesus marca o início do seu ministério terreno, identificando-se completamente com a humanidade que veio salvar, assumindo o peso do pecado humano e inaugurando o caminho da redenção. – Leia 2 Coríntios 5:21
O Cordeiro não apenas tirou, mas tira o pecado do mundo. O verbo está no presente. Embora a morte de Cristo tenha ocorrido há mais de dois mil anos, os efeitos desse sacrifício são tão atuais, poderosos e eficazes como no momento do Calvário.
Se entendemos que Cristo é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, devemos nos aproximar dele, ou enfrentaremos a perdição. Não há outra maneira de obtermos perdão para o pecado, livrarmo-nos da culpa e escaparmos da ira futura. Se Jesus é o Cordeiro de Deus, temos a responsabilidade de compartilhar essa mensagem com o mundo. João Batista não manteve essa informação valiosa apenas para si, mas a proclamou abertamente. Ele preparou o caminho para que outras pessoas conhecessem
a Cristo e o seguissem. Portanto, possuímos a mensagem mais importante, grandiosa e urgente do mundo.
Philip James Elliot (1927-1956), missionário americano, mártir do cristianismo, morto pelos índios huaorani, do Equador, imortalizou as prioridades de sua vida numa frase lapidar: “Não é tolo o homem que dá o que não pode reter para ganhar o que não pode perder”. João Batista perdeu a vida terrena, mas ganhou a vida eterna. Herodes e Herodias ganharam a vida terrena, mas perderam a vida eterna. O ganho deles foi pura perda. A perda de João Batista foi um ganho de consequências eternas. Jesus disse: “Quem acha a sua vida perdê-la-á; quem, todavia, perde a vida por minha causa, achá-la-á” (Mateus 10.39).
Minha oração: Que não nos deixemos ser amedrontados pelos poderosos, nem seduzidos pelos encantos deste mundo. Que, ao contrário, nossa existência seja constantemente moldada pela sabedoria bíblica, mantendo sempre em mente nossa missão primordial de exaltar o nome de Cristo acima de tudo. Que, ao longo deste novo ano, experimentemos o avivamento espiritual por meio de um arrependimento sincero de nossos pecados. Que Deus nos utilize cada vez mais para proclamar que o Cordeiro de Deus triunfou e somente Ele possui o poder de redimir o mundo do pecado.