Categoria: Artigos
Data: 21/07/2025
Um prisioneiro que não anda só - Filemom 1.1-7

Sinopse da série
Em nosso mundo contemporâneo, a liberdade é frequentemente definida pela
autonomia e pela ausência de restrições. Buscamos incessantemente fazer o
que, quando e como queremos. O problema é que esse tipo de liberdade não
preenche nosso vazio e, 
muitas vezes, nos encontramos presos a expectativas
sociais, à autonomia superficial ou a 
um egoísmo profundo.
O filósofo alemão Immanuel Kant disse: ”A vontade é, pois, a faculdade de se
determinar a si mesma a agir em conformidade com a representação de certas
leis, e uma tal faculdade só se pode encontrar em seres racionais.” Ou seja,
liberdade não é 
fazer o que se quer, mas é ter a capacidade de escolher o que
se deve fazer.
Essa reflexão paradoxal sobre liberdade não é de hoje e muito menos de Kant.

Contextualização do livro
No início da carta a Filemom, Paulo se apresenta como ”...prisioneiro de Cristo
Jesus”. Isso é contraditório, já que Jesus Cristo disse que veio para libertar as
pessoas e não para prender (João 8.36). O reformador João Calvino, em seu
comentário sobre a 
carta de Filemom, explica dizendo que: "ele agora se
qualifica de seu prisioneiro, visto 
que as cadeias com que se encontrava
acorrentado por causa do evangelho eram os 
ornamentos ou emblemas da
comissão que desempenhava por amor a Cristo”.
Ou seja, Paulo está nos ensinando que a verdadeira liberdade floresce na
entrega a um propósito maior, uma missão que desenvolve paixão por servir
a Deus e clamar 
pelas pessoas, acima de tudo. De quem temos sido
prisioneiros: de Cristo ou de nós 
mesmos? A primeira reflexão é que Um
prisioneiro que clama em favor de outros (v.8-16).

1- Os caminhos da falsa liberdade - v.8-10 
Paulo tinha liberdade para dar uma ordem a Filemom, porém, Paulo quer que 
a disposição saia do coração (v. 8-9a). O mais incrível é que Paulo tinha
liberdade para usar essa carta como um desabafo de um “velho” esquecido,
preso injustamente, afundado em dores, mas Paulo escolhe clamar e
interceder por um familiar na fé (v. 9b-10).
Muitos, na preocupação da liberdade sem limites que encontramos nas
pessoas, achamos que com regras, opressão ou imposição as pessoas
mudarão seus caminhos. Alguns esperam da igreja uma cartilha do que pode
ou não pode para ser salvo, isso quando não cobram da liderança um "papel
de fiscal" para cobrar as pessoas de suas escolhas equivocadas: “Viu o que
postou, o que falou, o que fez?” Esquecemos que a transformação real não 
vem de uma imposição, mas vem de um coração disposto.
Mas um outro ponto da falsa liberdade, é que, diante das lutas e da
injustiça, dois caminhos nos tentam: a solidão e as “conversas de tenda”.
Na solidão, em vez de nos dedicarmos na missão de Deus, optamos por
fugir de qualquer envolvimento comunitário, quer seja por medo ou
vergonha, nos fechamos e nos convencemos de que temos esse direito.
No caminho das "conversas de tenda”, em vez de lutarmos para que
as relações sejam pacificadas, nós fomentamos críticas, disparamos fofocas,
criamosproblemas entre os outros e nos convencemos de que estamos
fazendo o bem. 
2- Da inutilidade ao propósito - v.11
Paulo usa aqui uma palavra de duplo sentido. Onésimo era inútil porque 
ser um escravo já significava ser alguém de pouco valor; porém, um
escravo fugitivo não cumpre o seu propósito, é sem proveito. Ao mesmo
tempo, desconectados de Deus, Onésimo também é inútil, pois está
longe do seu propósito. Paulo diz que agora Onésimo é útil para
Filemom, isso porque, em Cristo, Onésimo cumprirá seu propósito de
trabalho, mas ele é ainda mais útil, inclusive para Paulo, porque ele
encontrou o propósito maior.
Isso é uma expressão da nossa realidade. Na criação, o ser humano
estava conectado com Deus, e seu propósito estava sendo cumprido.
Mas, ao escolher a sua liberdade autônoma, o ser humano se afastou
de seu propósito e, sendo prisioneiro do pecado, o ser humano tornou
o mundo um caos com os caminhos da falsa liberdade.
Mas Deus enviou Jesus para viver entre nós e, mesmo sem pecado
algum, Ele foi rejeitado como um escravo fugitivo, alguém inútil
(Is 53.3). Jesus morreu na cruz para nos fazer livres do pecado. Ele
ressuscitou e sua vida nos conecta a um propósito maior.
Assim, é em Jesus que encontramos um propósito que vai além dos
caminhos da falsa liberdade, um propósito que nos torna úteis para
nossas responsabilidades terrenas, mas que também nos torna úteis
para a responsabilidade da missão de Jesus.
3- A liberdade que edifica - v.12-16
Paulo equipara ao seu próprio coração um ex-escravo fugitivo. A 
conversão de Onésimo é algo precioso para Paulo, como sua alma
(v.12). Onésimo precisa acertar as pendências com Filemom, e Paulo
está lembrando que há algo maior entre eles, além de senhor e escravo,
além do passado de feridas: eles agora são irmãos em Cristo (v.13-16).
Leve a sério a conversão das pessoas. Muitos crentes parecem não
valorizar a conversão dos outros, não demonstram alegria e nem festejam.
Muito pelo contrário: são grosseiros com eles, se colocam como superiores,
disparam críticas e fofocas sobre a igreja e os irmãos da fé, sem se importar
com os novos convertidos. Nós precisamos levar a sério a conversão dos
outros como levamos a sério o nosso coração. Festeje e seja grato por ver a
conversão de pessoas, ajude-os a lidar com as crises, seja exemplo nas
palavras, no compromisso e no serviço, olhe com a sua alma para os novos
convertidos.
Seja um pacificador. Se chegar uma crise conjugal ou familiar de alguém
para você, ou se você ouvir sobre um atrito e discordância com irmãos da
mesma fé, ou ainda, se você estiver perto de "conversas de tendas”, ouvindo
críticas duras e perigosas sobre algum líder ou voluntário da comunidade,
seja um pacificador. Se você é alguém que tem sido fonte de confusão,
divergências e contendas, pare hoje em nome de Jesus e acerte suas
pendências. Seja alguém que trabalhe para pacificar, ajude os divididos a se
reconciliarem, respeite e se reconcilie com quem você magoou ou quem te
magoou. É clamando em favor dos outros que viveremos a verda
deira
liberdade. 
Minha oração é que Deus nos perdoe pelos caminhos da imposição, solidão 
e “conversas de tenda” que optamos diante das dificuldades. Que em Jesus,
a gente encontre o propósito maior para cumprir nossa responsabilidade em
todos os sentidos. Espírito Santo, nos guie para levarmos a sério a conversão
das pessoas e que possamos trabalhar para pacificar as situações em nós e à
nossa v
olta.

Autor: Pastor Kariston   |   Visualizações: 32 pessoas
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