Categoria: Artigos
Data: 23/09/2025
Sinopse da série
Todos os dias, conferimos nossa aparência antes de sair de casa e o espelho é o instrumento que reflete nossa imagem. Porém, é fato que o espelho não reflete a imagem de quem realmente somos. O escritor Leonardo Boff diz: "Como há um universo exterior, feito de ordens-desordens-novas ordens, de devastações medonhas e de emergências promissoras, assim também há um mundo interior, habitado por anjos e demônios. Eles revelam tendências que podem levar à loucura e à morte." Ou seja, "existe um mundo escondido em cada um de nós.
A questão é: e se houvesse um espelho que refletisse a imagem interior? A carta de Paulo à igreja de Corinto é esse espelho!

Contextualização do livro
Corinto era uma cidade cheia de diversidade promíscua e religiosa. Em Corinto, a luxúria era o meio de adoração no templo da deusa Afrodite; a força e a beleza eram motivo de honra nos Jogos Ístmicos, dedicados ao deus Poseidon; o conhecimento era exaltado nos debates filosóficos promovidos em praça pública. Prazeres sem limites, beleza e força, e intelectualidade — essas são algumas das marcas da cidade de Corinto.
Existe alguma semelhança com o nosso mundo? O reverendo Hernandes Dias Lopes vai dizer que: “Estudar essa carta é fazer um diagnóstico da igreja contemporânea, é ver suas vísceras e entranhas. É colocar um grande espelho diante de nós mesmos.”
Não tenha medo ou vergonha do que o texto irá expor de nossa realidade, pois é refletindo o caos que nossa imagem será aperfeiçoada. Vamos juntos em 1 Coríntios 3, em “Uma conversa sobre construção”.

1- Refletindo a construção - v.1-9
(v.1-3) Paulo prega Cristo, porém esse alicerce não pode ser aprofundado com os coríntios, pois eles são mundanos. Isso se mostrava nas invejas (ζηλος - zelo punitivo) e divisões (ερις - disputa). Paulo está falando de um tipo construção ruim: a rivalidade.
Muitas pessoas dizem ser cristãs, algumas há anos, mas não se aprofundam em Jesus, não crescem. Pelo contrário, parece que pioraram. Um dos motivos é porque elas constróem com rivalidade: alguns tratam as pessoas de suas relações como rivais para ter razão e sair como vencedores. Outros, em nome do zelo da religião/instituição, punem os irmãos da fé como rivais. Se a rivalidade tem sido nossa construção, somos mundanos.

(v.4-9) Paulo explica que o crescimento é dado por Deus, e que apesar dos dons e talentos de cada um terem seu lugar, as pessoas são só cooperadores da obra de Deus.
O crescimento da igreja pode se tornar motivo de rivalidade para pessoas numerofóbicas. Elas pensam que igreja boa é igreja pequena, onde todos se conhecem, onde a ausência é sentida, onde todos sabem e opinam sobre o que acontece, e onde o
pastor é o amigão que está em todas as festas. Pessoas assim pensam que a igreja que cresce demais está inchada e não tem qualidade espiritual. Mas isso só revela a imaturidade e o mundanismo dos pseudocrentes, pois se esquecem que o crescimento, físico e espiritual, é dado por Deus, e nós deveríamos ser cooperadores e não rivais.

2- Corrigindo a construção - v.10-15
(v.10-11) Por outro lado, Paulo deixa claro que Deus deu a ele um alicerce a ser lançado, e o apóstolo o lançou. Cada um porém, participa dessa construção de uma forma. Agora, uma coisa é fato: Jesus Cristo é o alicerce da história. O que isso significa?
Deus criou o ser humano à sua imagem e semelhança. Tudo era em perfeita ordem, pois o Senhor era o alicerce de tudo. Mas nossos antepassados, na figura de Adão e Eva, deixaram os seus egos falarem mais alto quando optaram pela autonomia. O
resultado é esse mundo caótico, cheio de construções de rivalidade em todas as áreas.
Mas Deus, em seu plano maior diante desse caos, já tinha um alicerce para essa história, tanto para o que veio antes quanto o que viria depois. Deus se fez homem, na pessoa de Jesus, para morrer pelos nossos pecados e pagar nossas dívidas. Ao terceiro dia, Jesus ressuscitou e deixou a igreja como uma vislumbre do que será o reino de Deus, onde não haverá mais rivalidade, onde Ele é o alicerce e cada um constrói a partir dele.
(v.12-15) Assim, a pergunta que fica é: Qual a qualidade de nossas obras? O que temos construído? Podemos até ter Cristo como alicerce e sermos salvos, mas se as nossas obras são regadas por rivalidade, fobia de crescimento e falta de cooperação, quando a noite passar e o dia chegar, talvez não teremos nada para apresentar à Deus.

3- Aperfeiçoando a construção- v.16-23
(v.16-17) Alguns associam esse texto à santidade moral, o que não deixa de ser verdade dentro do contexto canônico. No entanto, dentro do contexto do texto, Paulo está dizendo que destruímos o templo de Deus quando construímos a fé com rivalidade.
Seu corpo é templo do Espírito, Ele habita em você. Então, deixe o caminho da rivalidade, da fobia do crescimento ou mesmo da falta de cooperação com a missão de Cristo. Abandone o partidarismo teológico, ideológico ou qualquer outro “lógico”,
porque essas coisas só destroem você. E mesmo que pedras tenham sido lançadas sobre você para te ferir, se você está alicerçado em Cristo e é templo do Espírito de Deus, torne essas pedras a edificação do templo que é morada do Espírito Santo: seu coração.
(v.18-23) Paulo diz então, que não devemos nos sentir honrados por qualquer coisa que seja da sabedoria humana, na verdade, nos tornamos tolos para esse mundo, porque escolhemos viver sendo de Cristo, de acordo com a sabedoria de Deus.
João Calvino vai dizer que: "o significado de 'tornar-se tolo neste mundo' ou a nossos próprios olhos, significa: quando estamos preparados a entregar-nos a Deus e a abraçar com temor e reverência tudo quanto ele nos ensina, em vez de seguirmos o que nos parece plausível.” Na sabedoria deste mundo, é plausível você seguir vivendo a inveja, o ciúme, a punição e a divisão. Na sabedoria de Deus, nós trocamos a rivalidade — justa aos olhos humanos — pelo sacrifício do nosso ego. Abraçamos o ensino de Jesus com humildade, pois construir em cima desse verdadeiro alicerce é se tornar um com
Cristo, assim como Ele é um com Deus.

Minha oração é: Senhor, nos perdoe por escolhermos o caminho da rivalidade em vez da cooperação. Que na vida de Jesus possamos encontrar a correção para que nossas construções tenham qualidade diante do Dia do Senhor. Espírito Santo, nos ajude para que sua morada não seja destruída pela sabedoria mundana que tenta nos cercar, mas que nosso coração seja edificado, onde somos um com Cristo e Este, um com Deus.

Autor: Pastor Kariston   |   Visualizações: 30 pessoas
Compartilhar: Facebook Twitter LinkedIn Whatsapp

Deixe seu comentário