“Que fique cada um no seu canto” (Agindo com bondade)

Essa série é baseada no programa do SBT chamado "Casos de Família”, onde se
encontravam crises de famílias tratadas de forma leve e sarcástica, muito 
parecido com os casos e crises que vemos e vivemos em nossos lares, até 
mesmo com a pitada de humor. Porém, fora dos bastidores de um programa de 
TV, na vida real, não existe um roteiro, o som é de lágrimas e, algumas vezes, 
parece que o fim é a destruição da família. Mas isso não é de hoje, há séculos 
atrás, famílias encaravam os mesmos dilemas.

Os livros de 1ª e 2ª Samuel nos apresentam essa realidade. Esses livros são
uma resposta a um tempo e a um contexto caótico, cheio de relações trágicas;
a humanidade estava distante de Deus: “Naquela época não havia rei em 
Israel; cada um fazia o que lhe parecia certo” (Juízes 21:25).
Diante disso, Israel reivindica um rei, pensado que essa seria a solução. Os 
livros de Samuel contam a história da primeira família monárquica com dois 
reis, Saul e Davi. E, nos dois casos, nós vemos desentendimento, maldade 
e tragédias.
Tim Chester vai comentar o seguinte: "O verdadeiro problema não foi a 
ausência de um rei, mas a ausência de obediência a Deus como rei.”. Muitos 
pensam que os casos de família são gerados por dificuldades, quando, na 
verdade, o problema é que as famílias continuam confiando em sua 
capacidade e se afastando do caminho de Deus.
Assim, em II Samuel 3, o caso de família que encontramos é: “Ah, pode 
deixar que vai ter volta”.

(v.1-5) - Em I Samuel 20.16, Jônatas faz uma aliança com Davi. Em I 
Samuel 24.21-22, Davi faz uma aliança com Saul, prometendo não eliminar 
sua dinastia. Contudo, Davi tinha uma desculpa para deixar cada um no seu 
canto, mas ele resolve agir com bondade para a casa de seu cunhado e de seu 
sogro, que outrora o perseguiu.
Nos contextos familiares em nosso tempo, muitos não honram as promessas 
que fizeram, imagina ir além disso. No dia do casamento, prometem ser fiéis 
na alegria ou na tristeza, mas é só chegar a tristeza que são infiéis no sexo, 
no dinheiro gasto com vícios ou no tempo gasto nas telas. Outros prometem 
ser fiéis na riqueza ou na pobreza, mas são infiéis na transparência com o que 
ganham, vivendo em pé de guerra com quem dá mais. Isso sem falar daqueles 
que nem assumem o compromisso para não ter que prometer nada. Mas não 
para aí, filhos não cumprem as promessas quando dizem que não vão mais 
mentir, e continuam enganando seus pais. Pais, que prometem coisas para 
seus filhos que não vão cumprir. Nossas famílias estão repletas do 
descompromisso.
Por outro lado, diante das promessas não cumpridas e dos que dizem que vão
mudar e nunca mudam, alguns se posicionam dizendo: "cada um no seu 
canto". Não tratam mal o cônjuge, mas também não demonstram interesse. 
Não desrespeitam os pais de forma grosseira, mas também ignoram sua dor. 
Não agem com violência com os filhos, mas também não gastam tempo com 
eles. Não falam, mas também não auxiliam. O caminho do "cada um no seu 
canto" nada mais é do que o descompromisso com o lar.

(v.6-8) - Mefibosete reconhece sua realidade: um aleijado, pobre, neto do
perseguidor do Rei e um dos poucos sobreviventes da dinastia de Saul. Ele tem 
medo de ser exterminado pelo rei, já que foi o que seu avô tentou fazer com 
Davi. E, sem receber vantagem alguma, Davi vai em direção a Mefibosete e 
age por bondade. A pergunta de Mefibosete revela a realidade humana em 
relação a Deus, o Rei da criação.
Deus criou o ser humano à sua imagem e semelhança, com identidade real. 
Mas o ser humano decide ser o seu próprio rei, e o caos entrou na história 
humana. Em vez de imagem e semelhança do rei, o ser humano passa a se 
parecer com um cão morto, aleijado de alma, pobre de espírito, sem valor 
nenhum; nós somos os "Mefibosetes".
Mas Deus, com bondade imensurável, se fez homem na pessoa de Jesus, viveu
entre nós e levou na cruz todo o nosso pecado. Ele morreu e ressuscitou, e sua 
vida restaura nossa identidade; em vez de aleijados, pobres e mortos de 
espírito, agora somos recebidos como família do rei para viver o Reino do Deus 
criador.
Assim, por mais que você se sinta aleijado, pobre, morto e sem identidade 
pelos seus erros ou pelas feridas em seu lar, por mais que as relações na sua 
casa estejam nessa realidade, Jesus vai em direção a você, age com bondade 
e convida você e sua família para sentar à mesa do reino dele. É só a bondade 
dele que pode restaurar vocês!

(v.9-13) - Davi age com extrema bondade, dando a Mefibosete a 
oportunidade de ser independente. Apesar disso, Mefibosete também 
é convidado para sentar à mesa e ser tratado como filho. O texto encerra 
falando que Mefibosete ainda carrega a dor do passado (2 Sm 4.4), mas 
agora ele pode criar seu filho, ter identidade e viver dignamente.
Nós sempre caminhamos para o extremo: ou você diz “cada um no seu canto” 
e não ajuda em nada o seu familiar, mesmo em meio às limitações dele(a), ou 
você  carrega seu familiar nas costas, entristecendo os outros familiares, além 
de se sobrecarregar.
Quer proteger sua família ou restaurar o lar ferido? Viva a verdadeira bondade.
Comece ajudando seu familiar a ser independente. Auxilie diante das 
limitações que ele(a) tem, ensinando-o a lidar com as responsabilidades. 
Ensine seu filho que ele não terá tudo que quer e que ele precisa ajudar em 
casa. Mostre para seu cônjuge que existem prioridades nos gastos do lar, que 
a casa é de vocês dois e todos precisam contribuir de todas as formas. Mostre 
para seu familiar que nem sempre você conseguirá resolver as 
irresponsabilidades dele(a) e, algumas vezes, você fará isso deixando ele(a) 
lidar com as consequências.Trate como família! 
E você, que está sendo ajudado, valorize, aceite, você precisa criar 
responsabilidade. Para de ser folgado e viver às custas dos outros, dizendo 
que tudo vai dar certo porque sempre alguém resolve os frutos da sua 
irresponsabilidade. Seja humilde para ser independente. Algumas dores e 
feridas do passado não desaparecem, mas com a bondade de Deus guiando 
seu lar, você desfrutará de um ambiente familiar saudável e digno de viver.