
Categoria: Artigos
Data: 27/04/2025
Nas mudanças (o envio) - Mateus 28.16-20
Sinopse da série
Diante de momentos difíceis, algumas vezes a solidão parece ser a única companhia. Quer seja pelas consequências de nossos erros, ou mesmo pela vergonha de expor o coração, por pessoas que romperam conosco ou pelas perdas de pessoas que amamos, a verdade é que, em algum momento da vida, somos nós e a solidão.
O filósofo Luiz Felipe Pondé alerta para algo presente em nosso tempo: “O mundo nunca foi grande coisa, mas o progresso ajudou bastante... e a causa material que gera a solidão está inscrita no modo de produção que a gente vive!”. Sempre houve solidão no mundo, mas, pela consciência das possibilidades ruins que as relações podem gerar, numa sociedade com a confiança cada vez mais escassa, onde a vida online está cada vez mais presente, a solidão tem sido considerada, de forma metafórica, uma epidemia em nossos dias.
Essa realidade não é tão diferente dos momentos de solidão que Jesus viveu.
Contextualização:
Depois de ensinar sua última parábola, Jesus fala aos seus discípulos que o
momento de cumprir seu propósito está chegando. Enquanto isso, os líderes
religiosos estão deliberando a trama para matar Jesus, e tudo isso acontece
perto dos dias da festa da Páscoa (Mateus 26:1-4). É nesse contexto de Páscoa
que alguns momentos da vida de Jesus nos ensinam e nos fortalecem para
sobreviver ao impacto da solidão. Um desses momentos está relatado em
Mateus 28.16-20.
1- As mudanças e as dúvidas - v.16-17
(v.16-17) - Os onze discípulos vão se encontrar com Jesus conforme as
mulheres anunciaram (v.7). E, mais do que uma informação histórica, nós
temos que a história dessas pessoas está sendo impactada pelos
acontecimentos inesperados, as mudanças.
Todos nós encaramos mudanças. Pode ser uma mudança de cidade, quer seja
por causa de um trabalho, ou mesmo para levar uma vida mais tranquila, ou
ainda, para recomeçar diante de um passado doloroso. Talvez sejam as
mudanças nas relações, quer seja um casamento que chegou ao fim, os filhos
que cresceram, os desafios da nova escola ou faculdade, os novos amigos.
Ainda, pode ser a mudança de igreja, quer seja um novo jeito de servir, de
cultuar, de agenda ou de ambiente. Todos nós encaramos mudanças, Deus nos
chama, conduz nossa história e essas mudanças nos impactam.
(v.17) - Dos que são discípulos, que andaram com Jesus, que tiveram
inúmeras experiências, diante das mudanças que estão encarando e vão
encarar, alguns duvidam.
Diante das mudanças desafiadoras, com incertezas e sofrimentos que nos
alcançam, começamos a questionar o quanto foi bom essas mudanças.
Duvidamos se Deus está na direção, duvidamos se Ele ainda nos ouve,
começamos a pensar que não há propósito nas mudança que ocorreram e
então, nos sentimos perdidos, longe do nosso ambiente familiar, sem saída
e nos fechamos, e assim, nos sentimos sozinhos.
2- A autoridade - v.18
(v.18) - eus deu a Jesus toda autoridade (ἐξουσία - exousia: permissão para
tudo).
Jesus tem autoridade em todas as esferas, espirituais e físicas, é ele quem guia
a história, a nossa história. Talvez você se pergunte: Se Jesus tem toda essa
autoridade, por que duvidamos e nos sentimos sozinhos em meio aos desafios
das mudanças?
Na criação, não havia solidão e nem dúvida, o ser humano conversava todos os
dias com Deus. Mas a humanidade decide duvidar da palavra de Deus e do seu
amor, eles decidiram encarar sozinhos a vida, e em uma mudança caótica, o
pecado entrou no mundo e atingiu toda a criação.
Porém, Deus enviou seu Filho Jesus e lhe deu autoridade sobre tudo e, mesmo
com toda a autoridade dada por Deus, ele não buscou riquezas, posições ou
fama; ele, na verdade, usou essa autoridade para assumir todos os nossos
erros e pagar pelos nosso pecados, com sua morte na cruz. Mas ele venceu a
morte, ressuscitando dentre os mortos, e sua vitória na cruz nos oferece um
novo caminho.
O convite é para você olhar para Jesus e crer na autoridade dele sobre tudo.
Tenha certeza de que ele está guiando sua história, mesmo quando as
mudanças são desafiadoras, mesmo quando as incertezas nos cercam, mesmo
quando a solidão parece o fim, lembre-se e creia que Cristo tem autoridade e
ele te dá condições para suportar todas as mudanças. Por isso, deixe a vida de
dúvida e creia na autoridade de Jesus!
3- As mudanças e as certezas - v.19-20
(v.19-20a) - O verbo grego original da palavra ide é πορευθέντες. Essa palavra
é um aoristo, isso significa que é uma ação do passado concluída. Ou seja,
depois de "terem ido", depois das mudanças que Deus conduziu, os discípulos
fazem discípulos.
Você precisa dar sentido às mudanças de sua vida? Faça discípulos. Depois de
ter ido, depois de encarar as mudanças de cidade, nas relações, na igreja –
mudanças essas desafiadoras –, comece a levar Jesus onde você estiver e para
quem você puder. Em vez de se isolar por causa das mudanças, conheça
pessoas e leve o amor de Jesus a elas.
Importante dizer que fazer discípulos não é ficar por aí distribuindo uma lista
de regras morais, nem mesmo julgando as pessoas à sua volta querendo
convertê-las aos seus gostos e formas. Fazer discípulos é compartilhar sobre o
Cristo que morreu e ressuscitou, convidando as pessoas a testemunharem
sobre esse Cristo que as alcançou, ensinando com sua vida, seus passos, suas
palavras, com a vida de Jesus em você.
(v.20b) - O livro de Mateus encerra com uma palavra de encorajamento, a
mesma ideia com que Mateus iniciou seu livro ao falar sobre Cristo
(Mateus 1:23), ou seja, Mateus quer reforçar algo: Jesus está com seus
discípulos do começo ao fim!
A traição pode ter ferido seu coração, a frieza espiritual pode ter te afastado
de Deus, as perdas podem ter tirado sua alegria, as mudanças podem ter te
feito duvidar de tudo; lembre-se, Jesus prometeu que estaria com seus
discípulos até o fim. A pergunta é: Você tem buscado ser um discípulo de
Jesus? Se sim, acredite, você não está sozinho!
Minha oração é que Deus possa nos perdoar por duvidar dele e de seu cuidado
diante das mudanças desafiadoras que enfrentamos. Que na autoridade de
Jesus a gente lembre que ele guia a nossa história. E que o Espírito Santo nos
ajude a fazer discípulos, ensinando a sua palavra e nos lembrando que não
estamos sozinhos!