
Categoria: Artigos
Data: 30/03/2025
Os talentos - Mateus 25.14-30
Sinopse da série
No começo de 2023 e de 2024, as temporadas da série Parábolas nos
mostraram como a maneira predileta de Jesus ensinar era pelo uso de
parábolas. A palavra Parábola deriva das raizes gregas: para (“ao lado”)
e ballō (“lançar”), literalmente significa “colocar ao lado”, sugerindo uma
comparação entre duas coisas que são semelhantes.
Em seu livro "Drama das Escrituras", o teólogo canadense Michael Goheen
escreve: "As parábolas de Jesus são contadas para explicar o 'segredo'
desse reino que apareceu entre eles de modo completamente inesperado.
"As parábolas ajudam aqueles que recebem a palavra de Jesus com fé, a
entender a natureza do reino e como prosseguir a partir desse encontro.
São histórias simples mas com ensinamentos confrontadores, consoladores
e sábios. A parábola de hoje está em Mateus 25.31-46, o grande
julgamento.
Contextualização:
Alguns teólogos vão dizer que esse texto é mais um relato profético do que
uma parábola, já que Jesus abre dizendo que isso tudo acontecerá quando
ele retornar (v.31).
Porém, Jesus lança, ao lado de uma lição espiritual, uma cena comum. A
cena é de um pastor que reúne seu rebanho: ovelhas e os bodes. Porém,
esses animais não se misturam, pois existem diferenças entre eles. Por
exemplo: em áreas onde a grama é escassa por causa da seca, os bodes
comem as folhas secas, já as ovelhas preferem pastar, comendo algo mais
nutritivo. Ao entardecer, as ovelhas atendem ao chamado do pastor, já os
bodes, muitas vezes, o ignoram. As ovelhas sempre se juntam em rebanho,
já os bodes são individualistas. É nessa cena que nasce o grande julgamento.
1- Os bodes - v.31-33 / 41-46
(v.31-33) - A mensagem profética é: Jesus virá e separará os bodes das
ovelhas.
Num mundo "politicamente correto", com líderes religiosos que focam na
prosperidade ou filantropia, falar que Jesus separará pessoas soa como
exclusivista e até preconceituoso. Porém, Jesus é claro ao dizer que existem
céu e inferno, quer você concorde ou não. Agora, a diferença do nosso
mundo, que exclui de acordo com a classe social, a ideologia, a raça e etc.,
é que a separação que o Rei Jesus fará será apenas com dois grupos de
pessoas: os que têm fé e os que não têm fé; os arrependidos e os não
arrependidos; os que dão frutos bons e os que dão frutos ruins.
(v.41-45) - Mais à frente, Jesus explica que esses "bodes" têm uma
característica problemática: a individualidade. E a prática disso ofende o
próprio Deus.
Isso é muito sério. Jesus está dizendo que, quando não ajudamos os irmãos
da fé, estamos ofendendo o próprio Deus. Ou seja, quando não nos
colocamos à disposição para visitar ou tomar um café com um irmão ou
irmã, sabendo de sua ausência ou vulnerabilidade, nós ofendemos a Deus.
Quando estudar teologia é mais importante do que alimentar a alma dos
iniciantes da fé, nós ofendemos Deus. Quando achamos que podemos ser
discípulos de Jesus sem ser parte de uma comunidade de pessoas, desculpa,
isso é individualismo, ofende a Deus e pode te levar para o inferno.
2- O rebanho todo - v.46
(v.46) - Jesus diz que um grupo está destinado ao inferno e outro grupo, os
justos, terá a vida eterna. O problema é que a individualidade é uma
característica problemática do nosso mundo, ou seja, não tem como sermos
justos, porque somos individualistas por natureza. E sempre foi assim? Não!
Quando Deus criou o ser humano à sua imagem e semelhança, o propósito
sempre foi a coletividade, um ser humano sendo a extensão do outro. Porém,
o ser humano se afastou do seu rei e, querendo ser o rei do que é bom e do
que é mau, a individualidade e o caos tomaram conta do nosso mundo.
Deus, enviou seu filho Jesus, que deixou sua posição no céu, fazendo-se o
menor dos homens. Ele viveu no coletivo: andando com ricos e pobres,
políticos e não políticos, pretos e brancos; Jesus não praticou exclusividade,
muito pelo contrário, ele assumiu nossos pecados. Ele morreu na cruz,
ressuscitou, e por misericórdia nos torna justos.
Porém, não acaba aí. Se somos justificados por Cristo, nossos passos são
justos, pois são como os de Cristo. Então, não dá para ser um discípulo e
continuar individualista. Se a graça de Cristo nos justificou, o fruto dessa
justificação é a dedicação de viver e conviver junto com outros discípulos,
ajudando e sendo ajudado.
3- As ovelhas - v.34-40
(v.34) - Aos que são ovelhas do bom pastor, que se dedicaram ao Rei,
entrarão no reino que está preparado desde a criação.
Se você é discípulo de Jesus, se você é ovelha do bom pastor, você entrega
sua vida a Deus e continua se arrependendo dos seus erros, se dedicando a
dar bons frutos, lutando contra o individualismo e ajudando os irmãos. Mesmo
que você não receba nada em troca, mesmo que o retorno seja ingratidão,
você continua firme na missão porque existe uma certeza de esperança: que
um dia viveremos no reino do Rei, onde não haverá dor ou choro, nem doença
ou pobreza, nada de individualismo, e todas as coisas serão como no início:
criação à imagem e semelhança de Deus.
(v.35-40) - As ovelhas cuidaram do Rei quando cuidaram das pessoas. Quais
pessoas? Os menores irmãos. Jesus disse que todo aquele que faz a vontade
do Pai é seu irmão (Mateus 12.49-50). Essa parábola vai além da filantropia,
ela é sobre a Igreja.
Se você é discípulo de Jesus, se você é ovelha do bom pastor, você abandona
essa narrativa individualista de vida cristã solitária. Isso não existe! Como
discípulo do Rei, você precisa ter como parte essencial da sua vida cristã estar
na Igreja. E não falo do espaço físico, mas de estar perto dos irmãos,
convivendo e caminhando junto, lado a lado. Discípulo não chega depois que
o culto começou e sai no amém da bênção; isso é coisa de novo na fé ou de
crente consumista. Discípulo adora ao Rei pensando na Igreja durante a
semana, cuidando dos irmãos vulneráveis, alimentando e saciando os irmãos
famintos, fisicamente ou espiritualmente. Discípulo cuida dos novos na fé,
servindo com a palavra e testemunho para que esses vistam as vestes da
Igreja de Jesus.
Minha oração é que Deus nos perdoe pela nossa individualidade. Que a
justificação de Jesus em nós gere frutos de justiça na vida de outros. Que
o Espírito Santo nos guie para um caminho de ajuda aos irmãos da fé, não
pelo que podemos receber, mas pelo dia em que nos encontraremos face a
face com Deus.
Os talentos - Mateus 25.14-30
Sinopse da série
No começo de 2023 e de 2024, as temporadas da série Parábolas nos
mostraram como a maneira predileta de Jesus ensinar era pelo uso de
parábolas. A palavra Parábola deriva das raizes gregas: para (“ao lado”)
e ballō (“lançar”), literalmente significa “colocar ao lado”, sugerindo uma
comparação entre duas coisas que são semelhantes.
Em seu livro "Drama das Escrituras", o teólogo canadense Michael Goheen
escreve: "As parábolas de Jesus são contadas para explicar o 'segredo'
desse reino que apareceu entre eles de modo completamente inesperado.
"As parábolas ajudam aqueles que recebem a palavra de Jesus com fé, a
entender a natureza do reino e como prosseguir a partir desse encontro.
São histórias simples mas com ensinamentos confrontadores, consoladores
e sábios. A parábola de hoje está em Mateus 25.31-46, o grande
julgamento.
Contextualização:
Alguns teólogos vão dizer que esse texto é mais um relato profético do que
uma parábola, já que Jesus abre dizendo que isso tudo acontecerá quando
ele retornar (v.31).
Porém, Jesus lança, ao lado de uma lição espiritual, uma cena comum. A
cena é de um pastor que reúne seu rebanho: ovelhas e os bodes. Porém,
esses animais não se misturam, pois existem diferenças entre eles. Por
exemplo: em áreas onde a grama é escassa por causa da seca, os bodes
comem as folhas secas, já as ovelhas preferem pastar, comendo algo mais
nutritivo. Ao entardecer, as ovelhas atendem ao chamado do pastor, já os
bodes, muitas vezes, o ignoram. As ovelhas sempre se juntam em rebanho,
já os bodes são individualistas. É nessa cena que nasce o grande julgamento.
1- Os bodes - v.31-33 / 41-46
(v.31-33) - A mensagem profética é: Jesus virá e separará os bodes das
ovelhas.
Num mundo "politicamente correto", com líderes religiosos que focam na
prosperidade ou filantropia, falar que Jesus separará pessoas soa como
exclusivista e até preconceituoso. Porém, Jesus é claro ao dizer que existem
céu e inferno, quer você concorde ou não. Agora, a diferença do nosso
mundo, que exclui de acordo com a classe social, a ideologia, a raça e etc.,
é que a separação que o Rei Jesus fará será apenas com dois grupos de
pessoas: os que têm fé e os que não têm fé; os arrependidos e os não
arrependidos; os que dão frutos bons e os que dão frutos ruins.
(v.41-45) - Mais à frente, Jesus explica que esses "bodes" têm uma
característica problemática: a individualidade. E a prática disso ofende o
próprio Deus.
Isso é muito sério. Jesus está dizendo que, quando não ajudamos os irmãos
da fé, estamos ofendendo o próprio Deus. Ou seja, quando não nos
colocamos à disposição para visitar ou tomar um café com um irmão ou
irmã, sabendo de sua ausência ou vulnerabilidade, nós ofendemos a Deus.
Quando estudar teologia é mais importante do que alimentar a alma dos
iniciantes da fé, nós ofendemos Deus. Quando achamos que podemos ser
discípulos de Jesus sem ser parte de uma comunidade de pessoas, desculpa,
isso é individualismo, ofende a Deus e pode te levar para o inferno.2- O rebanho todo - v.46
(v.46) - Jesus diz que um grupo está destinado ao inferno e outro grupo, os
justos, terá a vida eterna. O problema é que a individualidade é uma
característica problemática do nosso mundo, ou seja, não tem como sermos
justos, porque somos individualistas por natureza. E sempre foi assim? Não!
Quando Deus criou o ser humano à sua imagem e semelhança, o propósito
sempre foi a coletividade, um ser humano sendo a extensão do outro. Porém,
o ser humano se afastou do seu rei e, querendo ser o rei do que é bom e do
que é mau, a individualidade e o caos tomaram conta do nosso mundo.
Deus, enviou seu filho Jesus, que deixou sua posição no céu, fazendo-se o
menor dos homens. Ele viveu no coletivo: andando com ricos e pobres,
políticos e não políticos, pretos e brancos; Jesus não praticou exclusividade,
muito pelo contrário, ele assumiu nossos pecados. Ele morreu na cruz,
ressuscitou, e por misericórdia nos torna justos.
Porém, não acaba aí. Se somos justificados por Cristo, nossos passos são
justos, pois são como os de Cristo. Então, não dá para ser um discípulo e
continuar individualista. Se a graça de Cristo nos justificou, o fruto dessa
justificação é a dedicação de viver e conviver junto com outros discípulos,
ajudando e sendo ajudado.3- As ovelhas - v.34-40
(v.34) - Aos que são ovelhas do bom pastor, que se dedicaram ao Rei,
entrarão no reino que está preparado desde a criação.
Se você é discípulo de Jesus, se você é ovelha do bom pastor, você entrega
sua vida a Deus e continua se arrependendo dos seus erros, se dedicando a
dar bons frutos, lutando contra o individualismo e ajudando os irmãos. Mesmo
que você não receba nada em troca, mesmo que o retorno seja ingratidão,
você continua firme na missão porque existe uma certeza de esperança: que
um dia viveremos no reino do Rei, onde não haverá dor ou choro, nem doença
ou pobreza, nada de individualismo, e todas as coisas serão como no início:
criação à imagem e semelhança de Deus.
(v.35-40) - As ovelhas cuidaram do Rei quando cuidaram das pessoas. Quais
pessoas? Os menores irmãos. Jesus disse que todo aquele que faz a vontade
do Pai é seu irmão (Mateus 12.49-50). Essa parábola vai além da filantropia,
ela é sobre a Igreja.
Se você é discípulo de Jesus, se você é ovelha do bom pastor, você abandona
essa narrativa individualista de vida cristã solitária. Isso não existe! Como
discípulo do Rei, você precisa ter como parte essencial da sua vida cristã estar
na Igreja. E não falo do espaço físico, mas de estar perto dos irmãos,
convivendo e caminhando junto, lado a lado. Discípulo não chega depois que
o culto começou e sai no amém da bênção; isso é coisa de novo na fé ou de
crente consumista. Discípulo adora ao Rei pensando na Igreja durante a
semana, cuidando dos irmãos vulneráveis, alimentando e saciando os irmãos
famintos, fisicamente ou espiritualmente. Discípulo cuida dos novos na fé,
servindo com a palavra e testemunho para que esses vistam as vestes da
Igreja de Jesus.Minha oração é que Deus nos perdoe pela nossa individualidade. Que a
justificação de Jesus em nós gere frutos de justiça na vida de outros. Que
o Espírito Santo nos guie para um caminho de ajuda aos irmãos da fé, não
pelo que podemos receber, mas pelo dia em que nos encontraremos face a
face com Deus.