
Categoria: Artigos
Data: 22/04/2025
Nas perdas (A ressureição) - Mateus 28.1-10
Sinopse da série
Diante de momentos difíceis, algumas vezes a solidão parece ser a única companhia. Quer seja pelas consequências de nossos erros, ou mesmo pela vergonha de expor o coração, por pessoas que romperam conosco ou pelas perdas de pessoas que amamos, a verdade é que, em algum momento da vida, somos nós e a solidão.
O filósofo Luiz Felipe Pondé alerta para algo presente em nosso tempo: “O mundo nunca foi grande coisa, mas o progresso ajudou bastante... e a causa material que gera a solidão está inscrita no modo de produção que a gente vive!”. Sempre houve solidão no mundo, mas, pela consciência das possibilidades ruins que as relações podem gerar, numa sociedade com a confiança cada vez mais escassa, onde a vida online está cada vez mais presente, a solidão tem sido considerada, de forma metafórica, uma epidemia em nossos dias.
Essa realidade não é tão diferente dos momentos de solidão que Jesus viveu.
Contextualização:
Depois de ensinar sua última parábola, Jesus fala aos seus discípulos que o momento de cumprir seu propósito chegou. Enquanto isso, os líderes religiosos estão deliberando a trama para matar Jesus. Tudo isso acontece perto da festa da Páscoa (Mateus 26:1-4). A Páscoa era a cerimônia que lembrava do tempo em que Israel foi escravo no Egito, e que, através do sangue do cordeiro nos umbrais das portas, eles foram protegidos da praga da morte. Deus lhes concedeu libertação (Êxodo 13:14-16). É nesse contexto de Páscoa que alguns momentos da vida de Jesus nos ensinam e nos fortalecem para sobreviver ao impacto da solidão, como em Mateus 28.1-10.
1- Perdas - v.1-4
(v.1) - As mulheres perderam o mestre, o amigo, a esperança, Jesus. Agora elas precisam lidar com a perda e com a certeza de sua ausência.
Todos nós já vivemos, estamos vivendo ou vamos viver perdas de pessoas que amamos, quer seja fisicamente ou emocionalmente, e lidar com a certeza de não termos mais essas pessoas, nos faz pensar que o caminho que sobra é a solidão. Perdemos amigos de confiança que levam os ouvidos que guardavam o nosso desabafo e
segredos. Perdemos pais, avós ou pessoas que cuidaram da gente que levam o lar que sempre estaria aberto para nos receber. Perdemos o cônjuge e com ele uma parte de nós. Perdemos filhos, e a dor é imensurável, parece não ter mais sentido a vida. Perdas, físicas ou emocionais, trazem a certeza da ausência e o sentimento de solidão.
(v.2-4) - É nessa perda que as mulheres terão a oportunidade de contemplar a glória de Deus. Já os soldados são tomados pelo medo e pavor.
A verdade é que as perdas trazem à tona uma realidade: muitas vezes o nosso coração está tão conectado com a vida presente ou com as pessoas que nos cercam, que diante das perdas, quer sejam elas físicas ou emocionais, nós só sentimos medo e até pensamos que a vida não tem mais graça. E quando nosso coração é tomado de pavor, o propósito de viver se esvai e o único caminho que nos parece possível é a solidão.
2- A ressureição - v.5-6
(v.5-6) - O anjo diz que aquelas mulheres não precisam temer, pois elas buscam o Jesus crucificado, mas ele ressuscitou, como havia dito anteriormente (Mateus 16.21). E por que era necessário Jesus passar por tudo isso?
Deus criou tudo de forma perfeita. Mas na história do jardim, em vez de optar pela vida, o ser humano opta por decidir o que é bom e mal, e nessa autonomia a morte passa a reinar. Como diz Paulo, o salário do pecado é a morte (Romanos 6.23). Deus então, na pessoa de Jesus, se fez homem. Ele levou na cruz todo o pecado da humanidade e recebeu a morte como salário. Mas ele venceu a morte, no domingo de manhã, Jesus ressuscitou e está vivo para todo o sempre. Seus discípulos podem ter um propósito: não viver pelo Cristo crucificado, mas sim pelo Cristo que ressuscitou.
(v.7) - Diante da perda, o anjo entrega àquelas mulheres um propósito: anunciar a ressurreição! E elas podem ter a certeza de que não estão sozinhas, Jesus vai adiante.
Seu coração está desanimado de viver, por causa das perdas físicas e emocionais que você adquiriu até aqui? A solidão tem sido sua única opção? Há um propósito que dá sentido à sua vida: crer e viver a vida do Cristo ressurrecto. No caminho dos que anunciam e vivem a ressurreição, você não está sozinho, Jesus vai adiante de você.
3- Alegria e adoração - v.7-10
(v.8) - Apesar do propósito encontrado e do encorajamento de não estarem sozinhas no caminho, o texto diz que as mulheres prosseguiram com medo e alegria.
Queria muito dizer que no caminho dos que creem na ressurreição e vivem a vida de Jesus, não existe o medo, mas não é verdade. Infelizmente este mundo está distante de Deus e ainda encararemos perdas e mortes, então, o medo nos acompanhará em alguns momentos. Mas podemos ter a certeza de que a alegria da ressurreição de Jesus também estará presente em nós. Por isso, pare de se culpar e dizer que você não pode se alegrar por causa das perdas que você sofreu e nem deixe o medo das perdas te afundar no desânimo e na solidão. A alegria da ressurreição também está presente na sua vida e te sustentará, por isso, creia, viva e desfrute da alegria de Cristo mesmo em meio às perdas.
(v.9-10) - Enquanto elas iam pelo caminho, Jesus vem encontrá-las. E em meio à jornada que elas trilhariam, elas param para adorar e abraçar Jesus. E em meio à adoração, as mulheres novamente são encorajadas, agora pelo Cristo ressurrecto.
Em meio à jornada da vida, de perdas, medos e desânimo de viver, Cristo sempre vem nos encontrar. Pode ser através da palavra, através de um culto, através de uma canção, através de um abraço, através da mesa da ceia, Jesus Cristo ressuscitou, ele vive e vem nos encontrar. Agora, qual tem sido sua resposta diante das perdas e da solidão? Somente medo e desânimo ou a adoração? Você não está sozinho, Jesus ressuscitou e vive em você, mas é em meio à adoração que somos encorajados.
Minha oração é que Deus nos alivie as dores das perdas e nos perdoe por focarmos tanto nas coisas desta vida que desanimamos de viver. Que na ressurreição de Jesus a gente encontre o sentido da vida e a certeza de sua companhia. E que o Espírito Santo nos oriente a, mesmo em meio às perdas, nós possamos viver uma vida de alegria e adoração, sendo encorajados por Jesus.