
Categoria: Artigos
Data: 16/03/2025
As bodas - Mateus 22:1-14
Sinopse da série
No começo de 2023 e de 2024, as temporadas da série Parábolas nos
mostraram como a maneira predileta de Jesus ensinar era pelo uso de
parábolas. A palavra Parábola deriva das raizes gregas: para (“ao lado”)
e ballō (“lançar”), literalmente significa “colocar ao lado”, sugerindo uma
comparação entre duas coisas que são semelhantes.
Em seu livro "Drama das Escrituras", o teólogo canadense Michael Goheen
escreve: "As parábolas de Jesus são contadas para explicar o 'segredo'
desse reino que apareceu entre eles de modo completamente inesperado.
"As parábolas ajudam aqueles que recebem a palavra de Jesus com fé, a
entender a natureza do reino e como prosseguir a partir desse encontro.
São histórias simples mas com ensinamentos confrontadores, consoladores
e sábios. A parábola de hoje está em Mateus 22:1-14, as bodas.
Contextualização:
Apesar de não ser uma cena comum para nós, os filmes de época tornam essa
cena familiar. Um casamento de um príncipe era, e ainda é, algo muito
importante. Na verdade, ser convidado é um privilégio. Muitos pessoas da
época, se ofereciam para participar e desfrutar do reino. Então, o que acontece
nesse caso é um absurdo enorme para quem vive e entende esse contexto,
pois rejeitar um convite do reino, além do desprezo do privilégio que recebeu,
era uma afronta à autoridade do rei. Aquelas pessoas sabem, nós sabemos o
quão absurda é essa história.
1- O desprezo - v.1-5
(v.1-2) - O reino de Deus é como uma festa de um rei, os convidados podem
se alimentar com fartura, eles não precisam pagar nada por isso, tudo é
oferecido de graça.
Infelizmente, há muitos líderes evangélicos que desprezam o reino de Deus,
e falo isso com tristeza. Desprezam o reino dizendo: "Se você fizer a
campanha…"; ou: "Se você for generoso no seu dízimo e oferta…; ou ainda:
"se você ficar debaixo da minha cobertura… você viverá o Reino de Deus".
Não estou dizendo que ser generoso ou fazer propósito seja errado, mas o
reino de Deus é um convite para se alimentar e se alegrar e nenhum homem
tem o direito de condicionar o reino de Deus a algum custo.
(v.3-5) - Deus é o rei que abre o convite para que a humanidade possa
participar do Reino, mas, infelizmente, muitos desprezam o reino.
Desprezamos o reino quando não damos atenção. Deus fala com a gente
através de um familiar, de um amigo, das canções do culto, de uma pregação
como essa, mas o nosso coração está nas telas do smartphone, nossa mente
está longe, isso quando alguns não dormem no meio do culto; fato é que até
ouvimos, mas não damos atenção e, assim, desprezamos as coisas do reino.
Desprezamos o reino quando o foco são os negócios (εμπορια - empório,
mercadoria). É quando a vida só gira em torno do trabalho, os assuntos são
sobre trabalho, o tempo inteiro é gasto no trabalho, inclusive o tempo de
sono; se alegra quando tudo está bem no trabalho, quando dinheiro entra;
alguns até dizem: "é só uma fase", mas a fase nunca passa e, no fim,
desprezam o reino.
2- O servo - v.6-10
(v.6-8) - A mesma cena da parábola dos lavradores se repete aqui. Os
servos do rei, na mesma figura dos servos e o filho do dono da vinha, são
maltratados e mortos. O ser humano foi criado para viver na mesa do reino
de Deus. Porém, a humanidade decide criar seu próprio reino, com isso, o
pecado tomou conta do nosso mundo e vivemos o caos. Deus chamou
Israel e enviou servos para que o ser humano fosse redimido. Mas até
Israel, como povo de Deus, desprezou o convite do Rei.
Então Deus enviou seu filho Jesus, o servo fiel e sofredor, como diz Isaías
53.11. Jesus morreu na cruz pelos nossos pecados e ressuscitou para que
a humanidade fosse redimida e recebesse o convite para voltar para a casa,
para o reino de Deus.
(v.9-10) - A partir de Jesus, essa festa é a igreja, a comunidade de
discípulos, em que o reino de Deus é manifestado. Por isso, não pode
haver privilégios porque essa ou aquela pessoa é rica, ou porque contribui
mais, ou por ter uma posição social de destaque, nem pelos diplomas
admiráveis, não! Ricos ou pobres, intelectuais ou analfabetos, todos são
indignos, mas em Jesus, todos são convidados à mesa do rei.
3- As vestes - v.11-14
(v.11-12) - Depois que os convidados entram no reino, e todos são
bem-vindos, o rei vem ver se eles vestiram as roupas adequadas.
O Apóstolo João vai dizer que as vestes da noiva de Cristo são os atos
de justiça dos santos (Apocalipse 19.7-8). Vale lembrar que a justiça
de Deus não é a justiça segundo o nosso coração mal, que revida
quando é atingido. A justiça do reino de Deus é a que convida os
indignos à mesa.
Quais os atos que têm nos vestido? Os novos convidados são vestidos
pelos atos de justiça de Jesus, ou seja, graça e misericórdia. Se você
é um discípulo de Jesus, os atos com seus familiares não podem mais
ser de xingamento ou violência, os atos que vestem você precisam ser
de perdão e paciência. Na empresa em que você trabalha, seus atos não
podem mais ser regados de engano ou malandragem, mas devem ser atos
de honestidade e empatia. Em meio à adoração e à palavra, não cabem
mais os atos de irreverência ou desleixo, não, os atos que nos vestem
devem ser de dedicação e amor.
(v.13-14) - Talvez você pense: “Parece impossível eu não ficar de fora
do reino”. O único jeito é entregar a vida para Jesus. É se esforçar ao
máximo para dar atenção à sua palavra; é não idolatrar os negócios;
é perder o que não é essencial para estar na mesa do rei de forma
adequada. Quando nos entregamos assim, por mais que erremos, ele
nos preserva como seu povo. O teólogo holandês William Hendriksen diz:
“Aceite o gracioso convite de Deus, para que, enquanto outros entram
na glória, não suceda de você se perder. Lembre-se, porém, de que a
membresia na igreja visível não garante a salvação. O indispensável é
que haja completa renovação… o revestir-se de Cristo”.¹
Minha oração é que Deus nos perdoe pelo desprezo que expressamos
pelo reino com nossa falta de atenção e com nosso coração que idolatra
os negócios. Que em Jesus a gente aprenda que não há distinção, todos
são indignos e convidados, de graça e da forma que estão. E que o
Espírito Santo nos guie para uma vida de entrega, para sermos encontrados
com as vestes adequadas na mesa do rei.
¹William Hendriksen, Mateus, trad. Valter Graciano Martins, 2a edição em português,
vol. 2, Comentário do 1 Novo Testamento (Cambuci; São Paulo, SP: Editora Cultura
Cristã, 2010), 359.
As bodas - Mateus 22:1-14
Sinopse da série
No começo de 2023 e de 2024, as temporadas da série Parábolas nos
mostraram como a maneira predileta de Jesus ensinar era pelo uso de
parábolas. A palavra Parábola deriva das raizes gregas: para (“ao lado”)
e ballō (“lançar”), literalmente significa “colocar ao lado”, sugerindo uma
comparação entre duas coisas que são semelhantes.
Em seu livro "Drama das Escrituras", o teólogo canadense Michael Goheen
escreve: "As parábolas de Jesus são contadas para explicar o 'segredo'
desse reino que apareceu entre eles de modo completamente inesperado.
"As parábolas ajudam aqueles que recebem a palavra de Jesus com fé, a
entender a natureza do reino e como prosseguir a partir desse encontro.
São histórias simples mas com ensinamentos confrontadores, consoladores
e sábios. A parábola de hoje está em Mateus 22:1-14, as bodas.
Contextualização:
Apesar de não ser uma cena comum para nós, os filmes de época tornam essa
cena familiar. Um casamento de um príncipe era, e ainda é, algo muito
importante. Na verdade, ser convidado é um privilégio. Muitos pessoas da
época, se ofereciam para participar e desfrutar do reino. Então, o que acontece
nesse caso é um absurdo enorme para quem vive e entende esse contexto,
pois rejeitar um convite do reino, além do desprezo do privilégio que recebeu,
era uma afronta à autoridade do rei. Aquelas pessoas sabem, nós sabemos o
quão absurda é essa história.
1- O desprezo - v.1-5
(v.1-2) - O reino de Deus é como uma festa de um rei, os convidados podem
se alimentar com fartura, eles não precisam pagar nada por isso, tudo é
oferecido de graça.
Infelizmente, há muitos líderes evangélicos que desprezam o reino de Deus,
e falo isso com tristeza. Desprezam o reino dizendo: "Se você fizer a
campanha…"; ou: "Se você for generoso no seu dízimo e oferta…; ou ainda:
"se você ficar debaixo da minha cobertura… você viverá o Reino de Deus".
Não estou dizendo que ser generoso ou fazer propósito seja errado, mas o
reino de Deus é um convite para se alimentar e se alegrar e nenhum homem
tem o direito de condicionar o reino de Deus a algum custo.
(v.3-5) - Deus é o rei que abre o convite para que a humanidade possa
participar do Reino, mas, infelizmente, muitos desprezam o reino.
Desprezamos o reino quando não damos atenção. Deus fala com a gente
através de um familiar, de um amigo, das canções do culto, de uma pregação
como essa, mas o nosso coração está nas telas do smartphone, nossa mente
está longe, isso quando alguns não dormem no meio do culto; fato é que até
ouvimos, mas não damos atenção e, assim, desprezamos as coisas do reino.
Desprezamos o reino quando o foco são os negócios (εμπορια - empório,
mercadoria). É quando a vida só gira em torno do trabalho, os assuntos são
sobre trabalho, o tempo inteiro é gasto no trabalho, inclusive o tempo de
sono; se alegra quando tudo está bem no trabalho, quando dinheiro entra;
alguns até dizem: "é só uma fase", mas a fase nunca passa e, no fim,
desprezam o reino.2- O servo - v.6-10
(v.6-8) - A mesma cena da parábola dos lavradores se repete aqui. Os
servos do rei, na mesma figura dos servos e o filho do dono da vinha, são
maltratados e mortos. O ser humano foi criado para viver na mesa do reino
de Deus. Porém, a humanidade decide criar seu próprio reino, com isso, o
pecado tomou conta do nosso mundo e vivemos o caos. Deus chamou
Israel e enviou servos para que o ser humano fosse redimido. Mas até
Israel, como povo de Deus, desprezou o convite do Rei.
Então Deus enviou seu filho Jesus, o servo fiel e sofredor, como diz Isaías
53.11. Jesus morreu na cruz pelos nossos pecados e ressuscitou para que
a humanidade fosse redimida e recebesse o convite para voltar para a casa,
para o reino de Deus.
(v.9-10) - A partir de Jesus, essa festa é a igreja, a comunidade de
discípulos, em que o reino de Deus é manifestado. Por isso, não pode
haver privilégios porque essa ou aquela pessoa é rica, ou porque contribui
mais, ou por ter uma posição social de destaque, nem pelos diplomas
admiráveis, não! Ricos ou pobres, intelectuais ou analfabetos, todos são
indignos, mas em Jesus, todos são convidados à mesa do rei.3- As vestes - v.11-14
(v.11-12) - Depois que os convidados entram no reino, e todos são
bem-vindos, o rei vem ver se eles vestiram as roupas adequadas.
O Apóstolo João vai dizer que as vestes da noiva de Cristo são os atos
de justiça dos santos (Apocalipse 19.7-8). Vale lembrar que a justiça
de Deus não é a justiça segundo o nosso coração mal, que revida
quando é atingido. A justiça do reino de Deus é a que convida os
indignos à mesa.
Quais os atos que têm nos vestido? Os novos convidados são vestidos
pelos atos de justiça de Jesus, ou seja, graça e misericórdia. Se você
é um discípulo de Jesus, os atos com seus familiares não podem mais
ser de xingamento ou violência, os atos que vestem você precisam ser
de perdão e paciência. Na empresa em que você trabalha, seus atos não
podem mais ser regados de engano ou malandragem, mas devem ser atos
de honestidade e empatia. Em meio à adoração e à palavra, não cabem
mais os atos de irreverência ou desleixo, não, os atos que nos vestem
devem ser de dedicação e amor.
(v.13-14) - Talvez você pense: “Parece impossível eu não ficar de fora
do reino”. O único jeito é entregar a vida para Jesus. É se esforçar ao
máximo para dar atenção à sua palavra; é não idolatrar os negócios;
é perder o que não é essencial para estar na mesa do rei de forma
adequada. Quando nos entregamos assim, por mais que erremos, ele
nos preserva como seu povo. O teólogo holandês William Hendriksen diz:
“Aceite o gracioso convite de Deus, para que, enquanto outros entram
na glória, não suceda de você se perder. Lembre-se, porém, de que a
membresia na igreja visível não garante a salvação. O indispensável é
que haja completa renovação… o revestir-se de Cristo”.¹Minha oração é que Deus nos perdoe pelo desprezo que expressamos
pelo reino com nossa falta de atenção e com nosso coração que idolatra
os negócios. Que em Jesus a gente aprenda que não há distinção, todos
são indignos e convidados, de graça e da forma que estão. E que o
Espírito Santo nos guie para uma vida de entrega, para sermos encontrados
com as vestes adequadas na mesa do rei.¹William Hendriksen, Mateus, trad. Valter Graciano Martins, 2a edição em português,
vol. 2, Comentário do 1 Novo Testamento (Cambuci; São Paulo, SP: Editora Cultura
Cristã, 2010), 359.