“Será que eu passo muito a mão na cabeça”

“Será que eu passo muito a mão na cabeça” - 1 Samuel 2.22-35; 4.10-22

Sinopse da série

Essa série usa como panorama contextual um programa do SBT chamado "Casos de Família”. Nele se encontrava crises de famílias, claro, de uma forma leve, sarcástica, finalizada com conselhos de uma psicóloga, tudo dentro de um roteiro pré-estabelecido.

Esse programa lembra muito dos casos e crises que vemos hoje, até mesmo a pitada de humor, mas com um pequeno detalhe, não existe um roteiro combinado, o som é em lágrimas e algumas vezes parece que o fim é a tragédia.

Mas isso não é de hoje, há séculos atras, famílias já encaravam os mesmos dilemas. Nessa 2ª temporada da série “Casos de família”, refletiremos sobre o livro de 1ª Samuel onde encontramos narrativas de bastidores problemáticos dos círculos parentais. Palavras, ações, reações, decisões, situações que parecem inviabilizar os laços familiares.

Contextualização do livro

Os livros de Samuel são um registro da transição do período dos Juízes para a monarquia. Depois de Moisés (Êxodo a Deuteronômio) e seu sucessor Josué (Josué), são os Juízes que fazem a condução do povo (Juízes e Rute). Porém eles vivem uma espiral, hora estão em Deus, hora se distanciam. O autor de Juízes vai explicar: “Naquela época não havia rei em Israel; cada um fazia o que lhe parecia certo” (Juízes 21:25).

Diante disso, Israel reivindica um rei, para imitar as nações ao derredor, afinal, parece que o problema é não ter rei. Deus levanta Samuel como o último juiz e o primeiro profeta nacional. Ele ungiu Saul, o primeiro rei e depois Davi, seu sucessor.

Mas os registros de Samuel deixam algo muito claro segundo Tim Chester: "O verdadeiro problema não foi a ausência de um rei, mas a ausência de obediência a Deus como rei.”. Essa é a tese de nossa série, pois muito pensam que os casos de família hoje, são geradas pela falta de recursos ou pelas dificuldades, quando na verdade, as famílias continuam não aceitando ser conduzidas por Deus e pela vida de Jesus.

Assim, em 1 Samuel 2 e 4, o caso de família que encontramos é: "Será que eu passo muito a mão na cabeça?”.

1- Sem influência, disciplina e zelo - 2.12-17, 22-25

Holfini e Finéias tinham tudo para ser benção, mas eles não se importavam com o Senhor. A palavra hebraica é ידע (yada), literalmente significa conhecer, ou seja, apesar de religiosos, eles não conheciam a Deus. Eles eram rebeldes, desprezavam o culto a Deus e se prostituíam em meio a congregação (2.12-17). Por outro lado temos um pai, uma autoridade na sociedade, ouvindo todo o mal que seus filhos estão causando e como ele reage? Sem influencia, sem disciplina e muitos menos zelo pelas coisas de Deus, Eli simplesmente passa a mão na cabeça de seus filhos (2.22-25).

Nós passamos a mão na cabeça não influenciando. Com a ideia de que religião não se discute, ocupamos as conversas em nossas famílias falando sobre politica, trabalho, sendo saudosistas e optamos em não falar sobre a fé. Talvez você influencie tantas pessoas a sua volta, mas ao compartilhar a mesa com os familiares, sua ênfase são

os insights que você tem, sua capacidade, seu dom, em vez de influenciar sua família falando que você vive pela missão da cruz, que sua vida é para Jesus.

Passamos a mão na cabeça não disciplinando. Com o receio de impor, podemos estar deixado de ensinar os limites para nossos filhos quando faltamos com a disciplina. Talvez você seja um pai ou mãe que não permite nem que o cônjuge discipline seu filhinho, ou pior, deixa o filho fazer birra e cede para não frustra-lo, sem falar dos avós que ficam estragando os netos, reprimindo os pais por disciplinarem os filhos. Cuidado, você está criando seres humanos sem temor e sem limites.

Passamos a mão na cabeça não zelando pelo sagrado. Com a ideia de não sermos legalistas ou religiosos podemos cair no extremo da falta de zelo com as coisas de Deus. É quando seu filho, que ainda tem idade para você educar, diz que não quer te acompanhar na comunidade e você diz que tudo bem. Ou quando seu cônjuge diz que está sem tempo para orar ou ler a palavra com você e você diz que entende. É quando você jovem e adolescente tem tempo para ficar navegando por horas nas redes sociais, mas não pode parar 5 minutos para compartilhar com seus pais sobre o evangelho. Você está passando a mão na cabeça e não tendo zelo com o sagrado.

Quando não nos esforçamos em influenciar, disciplinar e zelar pelas coisas de Deus em nossa família, o ego é fortalecido, os limites são rompidos, não há busca por santidade e a família acabará em tragédia.

2- A edificação de uma casa firme - 2.27-35

Deus então vem com juízo sobre aquela família sacerdotal e diante de filhos que desprezam o culto divino e de um pai que honra mais os filhos do que a Deus, o resultado é a destruição da família (v.27-34). Apesar dessa corrupção sacerdotal, Deus levanta o menino Samuel e através dele, as coisas serão diferentes, uma casa firme será edificada, pois Samuel andará diante do “ungido”, em hebraico - מׂשיח (mashiyach) - “ungido", apontando para um enviado de Deus. A palavra "ungido" no NT (grego) é traduzida como Χριστός (Christos) - Cristo (v.35).

Talvez você esteja se perguntando: Como eu deixei minha casa chegar a este ponto? No início de todas as coisas, Deus criou o homem e mulher a sua imagem e semelhança e tudo era em perfeita harmonia. Mas essa família decidiu seguir sem Deus e a tragédia aconteceu. O que vemos ao longo da histórias são pais que colocam Deus em segundo plano, filhos que perdem os limites e o resultado são famílias despedaçadas.

Mas Deus enviou seu filho Jesus, o Messias relatado em Samuel, para morrer na cruz pelos nossos pecados, para que seu sangue lavasse nosso coração escuro. Ele ressuscitou e sua vida nos possibilita que nossa casa seja firme, uma estabilidade que inicia nessa vida, mas que nos enche de esperança para o dia que todas as coisas serão perfeitas.

Assim, PAIS, andem diante de Jesus honrando mais a Deus que seus filhos. A palavra de Deus precisa ter mais peso em suas decisões do que seus filhos. Deus diz que você e seu cônjuge são um, quando você divide mais sua vida com seu filho(a) do que com seu cônjuge, você está honrando mais seus filhos do que a Deus. A palavra de Deus mostra que a vida em comunidade é essencial. Quando você deixa de congregar porque seus filhos não querem ir, você está honrando mais seus filhos do que a Deus.

Assim também, FILHOS, andem diante de Jesus e não desprezem o culto divino. A palavra de Deus é que estabelece limites, não a cultura. Deus diz que seu corpo é um

culto divino. Quando você dá ouvidos ao ídolo famoso que diz que você pode fazer o que quiser com o seu corpo, e você rompe esse limite, você está desprezando o culto divino. A palavra de Deus mostra que a vida em comunidade é essencial. Quando você deixa de congregar porque você quer ficar jogando na internet, ou mesmo por preguiça, você está rompendo um limite e desprezando o culto divino.